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Ostentando dívida e alavancagem considerados insustentáveis pelo mercado, em meio a constante queima de caixa e depois de apresentar prejuízo durante o primeiro trimestre, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) anunciou que fará novo reajuste de preço do aço em junho e que ainda neste trimestre vai anunciar a venda de um ativo para abater dívida.

Benjamin Steinbruch, presidente e principal acionista do grupo, participou de teleconferência para comentar os resultados – algo que não é comum na rotina do empresário – e anunciou aumento de 10% a ser implantado em junho. A princípio, para a rede de distribuição. Mas clientes industriais serão os próximos afetados pela medida.

Este será o terceiro reajuste no neste trimestre – três na ordem de 10% cada. O câmbio segue encarecendo o aço importado no Brasil e no mercado internacional os preços também dispararam. Só na China, a bobina a quente tocou os US$ 480 por tonelada. Nos cálculos de Luis Fernando Martinez, diretor comercial da siderúrgica, ainda há um desconto de 5% a 10% no valor do aço local, ante o importado.

“Não vejo nenhum problema em implantar esse novo preço em junho”, disse Martinez. No Brasil, a bobina é vendida a US$ 500. Outras empresas concorrentes da CSN, como Usiminas, já haviam comentado que há espaço para um terceiro reajuste no ano.

Sobre a venda de ativos, Steinbruch declarou no início da teleconferência que espera se desfazer do primeiro negócio do pacote selecionado ainda neste semestre, mas não revelou qual. Seria a primeira venda desde que o programa de desinvestimentos foi anunciado em 2015. “Vamos ver se de fato conseguimos fechar [um negócio]”, disse o empresário.

Os negócios disponíveis para alienação são a Metalic, produtora de latas de aço cearense; o Sepetiba Tecon (terminal de movimentação de contêineres no Rio); ações excedentes na ferrovia MRS Logística, as ações da concorrente Usiminas e fatias em duas hidrelétricas.

O corte nos investimentos, necessário também para conter recursos, deve ser mais intenso do que se esperava. Steinbruch espera algo em torno de R$ 1,2 bilhão – no ano passado, foram investidos R$ 2,2 bilhões. A previsão no fim de 2015 era de R$ 1,5 bilhão.

Com o desempenho operacional atual, a CSN enfrentará dificuldades. A empresa voltou a queimar caixa – os recursos disponíveis foram de R$ 12,25 bilhões para R$ 6,47 bilhões em um ano – e o resultado operacional não cobre os encargos de dívida. Só de despesas com juros, amortizações, multas e outras encargos financeiros, a CSN perdeu R$ 868 milhões até março. Os gastos são bem maiores do que o lucro operacional de R$ 233,9 milhões e acima do Ebitda ajustado de R$ 733 milhões.

No primeiro trimestre, o prejuízo líquido atribuído a controladores foi de R$ 836,7 milhões, ante lucro de R$ 392,1 milhões um ano antes. A receita líquida caiu 4,2%, para R$ 3,84 bilhões. Já a dívida líquida terminou março em R$ 26,65 bilhões, alta de 0,6% ante dezembro, e alavancagem foi de 8,2 vezes para 8,7 vezes.

As vendas de aço caíram 11,4%, para 1,25 milhão de toneladas, na comparação anual. O mercado externo ficou com 48%. Em minério de ferro, o volume comercializado somou 8,3 milhões de toneladas – com aumento de 20,7%.

As ações da empresa fecharam em queda de 3,22%, a R$ 9,63.